TORNE-SE SÓCIO
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CORPORATE GOVERNANCE DAS CAIXAS CRÉDITO AGRÍCOLA MÚTUO EM PORTUGAL |
Esta entrevista insere-se num estudo de âmbito académico e tem como objetivo compreender "Corporate Governance das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo em Portugal". Garantimos a confidencialidade da informação. Agradecemos a sua colaboração. |
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Investigadores: Rui M. de Carvalho (antonio.carvalho@isg.pt), Filomena Oliveira e Ricardo Sousa |
A economia digital, através das financeiras tecnológicas (Fintech), alarga o âmbito de aplicação da Inteligência Artificial (IA) a atividades como os seguros e a banca promovendo um penoso ajustamento de modelos de negócios com o despedimento de colaboradores e o encerramento de balcões. E oferece oportunidades inclusão para quem decide viver no interior dos nossos territórios. Nestes territórios mais esquecidos, quando a banca comercial encerra um balcão ou uma ATM, não raras vezes, uma Caixa de Crédito Agrícola Mútuo (CCAM) ocupa essa posição. É um ajustamento resultado da competitividade.
Os bancos cooperativos são actores-chave na sociedade. Em Portugal, em junho de 2020, as 84 CCAM tinham 655 agências (contra 476 do BCP e 570 da CGD), agrupadas na Caixa Central de Crédito Agrícola (641) e nas restantes cinco independentes (Bombarral (3), Chamusca (3), Leiria (14), Mafra (6) e Torres Vedras (16)). E oferecem relações de proximidade sendo, em regra, importantes contribuintes e mecenas de apoio sociocultural e desportivo das suas regiões.
O movimento cooperativo reflete a tradição da responsabilidade e da coesão social desde a sua criação no século XIX. Os clientes podem tornar-se membros de bancos cooperativos com pequenos investimentos, garantindo "voz" no negócio e envolvendo-se nos processos governação, estratégia e gestão de risco. O seu principal negócio é a criação de valor para os seus membros e uma relação de "confiança a termo" em contraponto à abordagem de maximização dos lucros. "Um membro, um voto" é o algoritmo de uma governance de sustentabilidade e empenho: exercem "checks and balances" em cada nível do negócio. Ao não distribuírem dividendos capitalizam-se. Como entidades legais independentes, é a sua pequena dimensão que as obriga a ter um modelo de risco ajustado ao financiamento da economia real: as famílias e as PME dos seus territórios. E ao facilitarem, entre pares, a mutualização de capacidade de tesouraria de emergência mitigam riscos sistémicos. E o "fit and proper" dos seus gestores é, todos os dias, acompanhado no crivo da ética e valores dos seus pares vizinhos, do seu bairro, da sua rua. Também é assim que a natureza consegue garantir a preservação das espécies.
Os bancos cooperativos são, para alguns, considerados arcaicos e inadequados para satisfazer as novas e sofisticadas necessidades. Por vezes até algumas autoridades os desconsideraram mostrando um preconceito em relação a eles. A construção do "império dos gestores", a ideia das grandes economias de escala através de uma atabalhoada consolidação na banca vai conduzir esse modelo de negócio ao confronto direto com as Fintech (Google, Alibaba, Facebook, etc.) sendo que nunca serão competitivos na dimensão e na captura e gestão de dados necessária para a análise de risco em confronto com a IA.
Na verdade, nem todos os bancos seguiram esta tendência ou, pelo menos, nem todos mudaram à mesma velocidade. Especificamente, os bancos cooperativos estiveram relativamente menos envolvidos na transformação. Estavam ancorados à sua tradição por regulamentação e, ainda, pelas exigências dos seus membros. Talvez a sua participação nas reuniões bancárias nem sempre tenha sido assídua, mas a maioria dos membros opor-se-ia a mudanças que poderiam tirar-lhes o "seu" banco. O quadro (dados de dezembro de 2019) infra evidencia a força de um conceito de banco que recolhe confiança e distribui valor pelas "partes interessadas". De recordar que na crise de 2007/8 os bancos cooperativos contribuíram de forma decisiva para a estabilidade do sistema financeiro. Em Portugal, em 2011, não necessitaram de apoio da Troika. Na Alemanha, França, Finlândia, Áustria e Holanda, p.e., as suas quotas de mercado variam entre 25% e 45%, e as PME representam entre 20% e 60% das suas carteiras de clientes.
País e instituição de banca cooperativa na Europa |
Indicadores |
Nº de bancos cooperativos locais ou regionais independentes |
Quota de mercado nacional |
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Económico |
Rentabilidade |
Solidez do capital |
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Ativos [€ mil milhões] |
ROE após impostos (%) |
Rácio total de capital (%) |
Depositos (%) |
Empréstimos (%) |
PME (%) |
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Áustria |
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Österreichische Raiffeisenbanken |
319.663 |
13,5 |
14,4 |
368 |
31,9 |
31,8 |
n.a |
Finlândia |
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OP Financial Group |
147.024 |
5,5 |
21,1 |
147 |
39,2 |
35,5 |
40,3 |
França |
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Crédit Agricole |
2.010.966 |
n.a. |
18,9 |
39 |
24,5 |
22,4 |
33,5 |
Crédit Mutue |
930.916 |
6,5 |
21,6 |
18 |
15,9 |
17,1 |
16,3 |
BPCE |
1.338.064 |
3.9 |
18,8 |
29 |
21,0 |
26,0 |
n.a |
Alemanha |
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Co-operative Financial Network |
1.384.088 |
6,3 |
15,6 |
841 |
22,1 |
22,4 |
35,9 |
Itália |
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Federcasse (BCC) |
220.557 |
3,2 |
17,8 |
259 |
7,8 |
7,5 |
n.a |
Holanda |
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Rabobank |
590.598 |
5,3 |
25,2 |
89 |
33,0 |
n.a |
40.9 |
Portugal |
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Crédito Agrícola |
19.362 |
7,8 |
16,5 |
79 |
7,8 |
5,7 |
11,8 |
United Kingdom |
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Building Societies Association |
501.487 |
5,5 |
34,0 |
43 |
18,5 |
n.a |
n.a |
Suiça |
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Switzerland Raiffeisen Schweiz |
228.778 |
4,8 |
18,3 |
229 |
13,4 |
n.a |
n.a |
Num tempo em que a responsabilidade social ilumina, as CCAM ilustram exemplos de autoajuda e de solidariedade. Foram, como modelo de negócio, fundadas para otimizar o acesso ao financiamento nas suas comunidades. Os stakeholders ou as partes interessadas de uma organização/ empresa, são grupos e indivíduos que, direta ou indiretamente, influenciam ou são influenciados pela realização dos objetivos da empresa, nomeadamente colaboradores, acionistas, credores, fornecedores e clientes.
Tabela - Enquadramento Teórico Conceptual da Investigação
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Dimensões para análise |
Descrição de objetivos derivados |
Motivações |
Integração das partes interessadas no objetivo do "bem da empresa" |
As empresas promovem processos de integração das partes interessadas, sejam representantes da comunidade sejam representes dos membros (associados) ou dos trabalhadores motivadas por objetivos que podem ser estratégicos (aprendizagem e liderança) ou táticos (custo, tempo e risco), na esperança de ganharem competitividade e promoverem a inclusão social. |
Premissas para a good governance (framework do CA) |
Quem monitoriza o monitor? O desafio é definir soluções sem pôr em causa os sistemas de controlo (checks and balances) adequados em vigor entre a administração, os órgãos de fiscalização e as partes interessadas, ou seja, saber o "lugar" e o "tempo" das coisas mitigando potenciais conflitos de interesse e otimizando o valor da empresa. |
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Vetores Estratégicos |
Liderança (características do administrador) |
Na matriz conceptual, a experiência e o conhecimento específico na atividade dos administradores assume um papel relevante. As partes interessadas podem funcionar como um agente mobilizador das contribuições dos seus constituintes aumentando seu envolvimento no propósito da empresa. |
Eficiência (dos trabalhos da governance) |
Através da comunicação a governance ganha uma identidade. A capacidade de captar, processar, armazenar e utilizar a informação depende da estrutura organizacional e é um dos principais fatores de competitividade, da gestão de conflitos e da criação e difusão da inovação. A diversidade, complementaridade e a independência são pilares estruturais da governance. |
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Eficácia (processos e procedimentos) |
A sociocultura organizacional parametriza comportamentos e formas de intervenção e depende do "tom do topo". A previsibilidade das partes interessadas, da gestão e das instituições promove, ou não, a confiança. Uma atitude de procura de conformidade promove a credibilidade. |
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Conflito (autoridade, poder e controlo) |
O comportamento das empresas torna-se um reflexo dos padrões de cooperação e de discórdia na empresa. A vontade de aprender e de apreender, a recetividade ao conhecimento e a transparência do parceiro ajudam a mitigar possíveis situações de conflito. |
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Expectativa |
Criação de Valor |
A integração de representantes das comunidades no apoio à gestão pode ser utilizada como uma oportunidade de aprendizagem de novas competências de mercado, organizacionais ou tecnológicas, ou seja, endogeneizar o know-how de todas as partes interessadas. |
Good Governance |
Análise de desempenho reavaliando processos, procedimentos, pessoas. Daqui pode resultar uma sugestão de modelo de governance adequado à empresa. |
Cada matriz tenta apoiar uma Questão de Investigação. Cada "variável" (categoria) tem cinco opções de alinhamento.
Queremos identificar as suas prioridades sobre as "propostas de conceitos" numa escala de 1 a 5, sendo 1 a menos relevante e 5 a mais importante.
O inquérito tem uma componente qualitativa e uma quantitativa, pelo que é pedido que respondam sff aos dois cenários:
CORPORATE
PORTUGAL (sede)
MOÇAMBIQUE (delegação)
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