As obras
premiadas foram “[Da casa]: o seu inclinado murmúrio”, de Elvira Nhamane,
pseudónimo de Gibson João, e “Incêndios à margem do sono”, de Aconteceu Castigo
Namussurize, pseudónimo de Óscar Fanheiro.
O júri justificou
a atribuição do prémio a Gibson João por considerar tratar-se de ”um livro
marcado por uma apurada maturidade poética, que se enovela num modo discursivo
a uma só voz, rico e sucinto”.
“As palavras
encenam neste livro uma sedução quase física, ou melhor, as palavras parecem
estar a incarnar à nossa frente, artifício que resulta claramente de uma
prática continuada de leitura”, refere-se num comunicado divulgado pela Câmara
de Óbidos, aquando da divulgação da decisão do júri.
Relativamente ao
livro de Óscar Fanheiro, o júri classificou-o como uma obra “visceral, que
revela a sobriedade do autor na estruturação dos versos e na extensão da emoção
da palavra” e destacou a “escrita desconcertante, incisiva, na qual se misturam
o chulo e o nobre, as metáforas mais ricas e a rudeza do vigor coloquial, o
realismo sujo e algumas imagens sublimes, numa comunicação polifónica que, não
sendo sempre orquestrada com absoluto ajuste, é de uma inegável coerência
estética e se manifesta numa liberdade que deve ser apanágio dos poetas”.
Os dois livros
“são como que mutuamente complementares, dado o caráter solar de “[Da casa]: o
seu inclinado murmúrio” e o caráter noturno de “Incêndios à margem do sono”,
motivo que justifica a atribuição “ex aequo” do prémio”, segundo explicou o
júri composto por António Cabrita (poeta, editor e crítico), Francisco Guita
Jr. (poeta), Gilberto Matusse (professor de literatura na Universidade Eduardo
Mondlane e ensaísta), José dos Remédios (jornalista e crítico literário) e Lica
Sebastião (poetisa).
O Prémio Fernando
Leite Couto (pai do escritor Mia Couto) foi instituído em 2017 com o objetivo
de promover e premiar jovens escritores moçambicanos.
Desde 2021 conta
com a parceria do Camões – Centro Cultural Português em Maputo, da Câmara de
Comércio Portugal Moçambique (CCPM), da Câmara Municipal de Óbidos e do
Moza-Banco, e tem um valor pecuniário de 150 mil meticais. Os vencedores ganham
a possibilidade de ter a respetiva obra impressa pela CCPM e uma viagem a
Portugal, para participar Folio.
Os livros estiveram disponíveis para a compra e assinatura de
autógrafos, sendo a receita, na totalidade, revertido a favor dos dois autores.