06
NOVEMBRO
2023
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2023

APRESENTAÇÃO DOS LIVROS VENCEDORES DO PRÉMIO FERNANDO LEITE COUTO - ÓBIDOS 2023

Decorreu a 6 de novembro de 2023, às 18:00h, na sede da CCPM (Rua Artilharia 1, nº 104, 5º Esq., 1070-015, Lisboa), a apresentação do livro "O descalço [dos] murmúrios" do escritor moçambicano Gibson João, e do livro "Incêndios à Margem do Sono" de Óscar Fanheiro, vencedores do Prémio Literário Fernando Leite Couto 2023, com a apresentação de Joana Leitão e Miguel Luís José.

Esta iniciativa promovida pela CCPM em parceria com a C.M. de Óbidos e a Fundação Fernando Leite Couto, tem como objetivo estimular a produção de obras literárias, nos domínios da poesia e da prosa de ficção (romance, novela, crónica, texto dramático e conto), em língua portuguesa, da autoria de novos autores moçambicanos.

Os dois escritores, de 21 e 28 anos, respetivamente, venceram ‘ex aequo’ a edição 2023 do Prémio Literário Fernando Leite Couto, promovido pela fundação com o mesmo nome, distinção que lhes valeu a publicação da obra e a realização de uma residência literária em Óbidos, por um período de um mês, onde o prémio foi entregue no âmbito do Folio.

As obras premiadas foram “[Da casa]: o seu inclinado murmúrio”, de Elvira Nhamane, pseudónimo de Gibson João, e “Incêndios à margem do sono”, de Aconteceu Castigo Namussurize, pseudónimo de Óscar Fanheiro.

O júri justificou a atribuição do prémio a Gibson João por considerar tratar-se de ”um livro marcado por uma apurada maturidade poética, que se enovela num modo discursivo a uma só voz, rico e sucinto”.

 “As palavras encenam neste livro uma sedução quase física, ou melhor, as palavras parecem estar a incarnar à nossa frente, artifício que resulta claramente de uma prática continuada de leitura”, refere-se num comunicado divulgado pela Câmara de Óbidos, aquando da divulgação da decisão do júri.

Relativamente ao livro de Óscar Fanheiro, o júri classificou-o como uma obra “visceral, que revela a sobriedade do autor na estruturação dos versos e na extensão da emoção da palavra” e destacou a “escrita desconcertante, incisiva, na qual se misturam o chulo e o nobre, as metáforas mais ricas e a rudeza do vigor coloquial, o realismo sujo e algumas imagens sublimes, numa comunicação polifónica que, não sendo sempre orquestrada com absoluto ajuste, é de uma inegável coerência estética e se manifesta numa liberdade que deve ser apanágio dos poetas”.

Os dois livros “são como que mutuamente complementares, dado o caráter solar de “[Da casa]: o seu inclinado murmúrio” e o caráter noturno de “Incêndios à margem do sono”, motivo que justifica a atribuição “ex aequo” do prémio”, segundo explicou o júri composto por António Cabrita (poeta, editor e crítico), Francisco Guita Jr. (poeta), Gilberto Matusse (professor de literatura na Universidade Eduardo Mondlane e ensaísta), José dos Remédios (jornalista e crítico literário) e Lica Sebastião (poetisa).

O Prémio Fernando Leite Couto (pai do escritor Mia Couto) foi instituído em 2017 com o objetivo de promover e premiar jovens escritores moçambicanos.

Desde 2021 conta com a parceria do Camões – Centro Cultural Português em Maputo, da Câmara de Comércio Portugal Moçambique (CCPM), da Câmara Municipal de Óbidos e do Moza-Banco, e tem um valor pecuniário de 150 mil meticais. Os vencedores ganham a possibilidade de ter a respetiva obra impressa pela CCPM e uma viagem a Portugal, para participar Folio.

Os livros estiveram disponíveis para a compra e assinatura de autógrafos, sendo a receita, na totalidade, revertido a favor dos dois autores.

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